Percebi neste carnaval de 2011, o quanto essa mocidade de agora é “inteligente e criativa”.
Os jovens da Bahia, por exemplo, desenvolveram uma nova forma de diversão. Uma belíssima coreografia, onde muitos dançam de forma livre e espontânea. E assim como a capoeira (dança e luta) essa também pode ser uma atividade esportiva – a luta livre.
Essa perola da arte baiana foi praticada durante todo o carnaval de Salvador.
E como todas as coreografias fantásticas que são produzidas neste pedaço do Brasil, essa fantástica dança também haverá de se espalhar pelo nosso país, contagiando outros jovens “inteligentes”. Principalmente durante os construtivos carnavais fora de época – ou micaretas.
A nova dança da moda começava assim...
...lá ia aquela massa amorfa atrás do trio elétrico (que só não vai quem já morreu), feito pulgas em estado de histeria, quando de repente, alguém te olhava, e sem mais nem menos, te acertava um soco na cara. Então estava armada a confusão - ou melhor, a coreografia – os que não estavam na dança; formavam um ringue, e a dança (que envolve rapazes e moças) tinha movimentos livres, cada um acertava o outro como podia, eram chutes, socos, cabeçadas, embalados pelos mais diversos e “magníficos” sons (e são muitas as mer... as músicas: É gordinha; Sai Satanás; Tchubirabirom; Te quero delícia; Chupeta; entre outras maravilhas musicais).
Era bonito ver a LIGA DA JUSTIÇA todinha trocando tapas. Porém mais bonito, era quando os SUPERVILÕES (a polícia) chegavam, e desciam o cassetete de criptonita na cabeça do superman e batman, prendiam a mulher maravilha, e a galera gritava “foge, foge, mulher maravilha, foge, foge, superman” e era um arerê geral.
E assim foi durante toda a semana de carnaval, com as diversas emissoras de TV mostrando essa bela dança a cada dez minutos.
Lembrando que, até o repórter de uma emissora de TV, que estava cobrindo e evento, entrou sem querer numa dessas rodas coreográficas.
Até existe em Salvador, um grupo de IDIOT... RAPAZES, para fazer a demonstração dessa coreografia, - os MALHADOS.
Eu sinto falta do carnaval de antigamente (como dizem os jovens de hoje) onde os super heróis não lançavam socos nem pontapés, mas, confetes e serpentinas, e até o carnaval do “mela-mela” era interessante. Sinto falta das matinês, onde as famílias podiam se divertir em segurança.
Hoje, as famílias já não vão ao carnaval, por medo da violência. E os jovens saem às ruas, não para brincar, curtir a folia de momo, mas para brigar.
As bandas, que já não têm nomes inteligentes e divertidos, e sim expressões intraduzíveis (já experimentaram chiclete com banana, deve ser uma “delícia”. E o que significa psirico, parangolé e xeke? Alguém pode traduzir para mim marreta you planeta?), ficam em suas fortalezas elétricas, e não são alvos da bagunça que rola no meio da massa.
Quem faz bagunça, só faz porque sabe que vai ficar impune, se for preso, será solto em poucas horas, o que estimula a pratica de crimes bem mais sérios. E nós ficamos reféns, não podemos sequer nos defender. Então assistimos ao carnaval pela TV, com receio de sairmos à rua, e participarmos de uma coreografia sem estarmos a fim de dançar.
Sinto saudade do carnaval de antigamente e de algumas palavras do nosso vocabulário que estão desaparecendo, junto com a atitude que se espera delas: CARATER; EDUCAÇÃO e VERGONHA.
Crônica do El Jabhar