Brasil, meu amado país, mesmo depois de 189 anos de sua emancipação política (porque independentes, só agora estamos começando a ser), não parou para refletir que já é maior de idade, que pode caminhar com as próprias pernas.
Bom, acho que vou ter que me conformar, isso é uma questão histórica. Aprendemos desde pequenos que o Brasil foi descoberto pelo português Pedro Álvares Cabral em 1500, quando todos os outros países do continente Americano consideram-se suficientemente descobertos por Cristóvão Colombo em 1492. O Brasil, no entanto, teve que ser descoberto depois, separadamente.
Colombo na verdade, não passou das ilhas da América Central, e o continente só veio a ser alcançado oito anos depois (num acidente histórico) pelos portugueses, que perdidos a oeste do continente Africano, acertaram essa imensa ilha, em que se plantando, tudo dá.
Mas, Colombo? Cabral? Descobrimento? Existem relatos e escrituras dos europeus medievais, de séculos antes, que falam de uma grande ilha, chamada Brasil, situada no Atlântico Sul.
E, para o nosso infortúnio os portugueses não parecem ter chegado a fundar um país propriamente, mas, deram um jeitinho bem brasileiro, de sugerir que não aportaram a uma parte da América e sim a uma totalidade absolutamente outra a que chamaram posteriormente de Brasil.
Também “A bula papal” que criou o Tratado de Tordesilhas, estipulando que as terras a serem “descobertas” (e já descoberta outras vezes) a leste de um meridiano convencionado pertenceriam a Portugal, e deixando as que estivessem a oeste dessa linha para a Espanha, explica a necessidade de que se desse um novo “descobrimento” e de que este fosse de fato português.
Mas eis que na escola aprendemos - e a bela carta de Pero Vaz de Caminha narrando a viagem ao rei de Portugal nos assegura - que o acaso empurrou a frota cabralina para a costa brasileira, ou Ilha de Vera Cruz.
Então ficamos assim, ao acaso, como disse Caminha em sua carta ao rei de Portugal. Uma imensa ilha flutuante, homônima da ilha utópica dos europeus medievais.
Nossa já existente Pindorama.
IRAPOÃ RIBEIRO DA SILVA